"Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder
o que, com frequência, poderíamos ganhar,
por simples medo de arriscar..."
Gosto de começar com a definição, sabendo o que é, fica mais fácil para lidar.
Segundo a infopédia, Medo
é: “sentimento de inquietação que surge com a ideia de um perigo real ou
aparente”; Solidão: “estado do que está só, isolamento”. (fonte: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/medo)
Quantas vezes você já ouvi
alguém falar que vive um relacionamento falido, sem companheirismo, amor,
cumplicidade, muitas vezes sofre agressão verbal ou até agressões físicas?
Quantas vezes além de ouvir
tudo isso, a pessoa termina a frase dizendo que está ruim, mas tem medo de
ficar só, medo devido já não ter mais idade para se apaixonar ou não sabe se encontrará
alguém, nesta altura do campeonato para ser feliz em um relacionamento
amoroso...
Quantas vezes você já ouviu, “eu
tenho dó dela, ela não saberá viver sem mim”, “eu tenho dó dele, ele já me
ajudou muito, não consigo terminar tudo, abandoná-lo...”. Imagino que você já ouviu muito mais por aí.
Pessoas que desejam serem donas
de sim, desejam liberdade para fazer o que quiser ou não fazer nada, presos em
um relacionamento como se fosse uma âncora sem corrente.
Medo de não conseguir se manter financeiramente ou que o outro não consiga se manter.
Medo de não conseguir se manter financeiramente ou que o outro não consiga se manter.
Será mesmo que o outro não vive
sem você? Você é o ar que ela/ele respira? Será que o outro não sabe se virar
sem você?
Quantas coisas você já perdeu e
continua perdendo por medo de seguir em frente seja lá como for.
Quantas vezes você deixou de
viver coisas sensacionais na sua vida, porque o outro estava sempre em primeiro
lugar?
Quantas vezes você já se sentiu
sozinha, mesmo estando no meio da multidão?
Quantas vezes você permitiu que
o outro resolvesse a sua própria vida, sem que você tenha feito algo para ajudá-lo?
Quantas vezes você permitiu que
o outro caminhasse com as próprias pernas?
Precisamos do outro para nos
relacionar, viver em sociedade, fazer o nosso trabalho diário, mas não nascemos
grudados, quantas coisas você já superou e o outro também.
Até que ponto tudo que você vê
no outro, são na verdade a suas questões, que estão gritando dentro de você.
Sim, alguns vão dizer que estão
velhos demais para recomeçar do zero, fazer tudo de novo, mas eu te pergunto
cada dia não é um recomeço?
Muitos dos pensamentos que
temos imaginando coisas, não acontecem, muito menos da forma que imaginamos,
são frutos da nossa imaginação, do medo e da solidão.
Ao mesmo tempo em que você
deseja tanto a sua liberdade, você coloca o medo na frente, imagina mil coisas,
inclusive que não é capaz de viver sozinha, a liberdade é um caminho novo,
desconhecido, alias se fosse algo conhecido bem provável que você não faria
esse caminho.
Cada caminho é único, cada experiência
também. Se você percorrer o mesmo caminho passo a passo que a autora do livro e
filme COMER, AMAR E REZAR fez, provavelmente não sentirá as mesmas coisas que ela sentiu ou viveu.
Porque é muito íntimo e
pessoal, cada um tem a sua própria história, sentimentos, medos e superações.
Ficar só não é algo ruim, quando
você sabe o que fazer com o seu tempo, você pode dançar sem que ninguém veja,
fazer uma comida que só você gosta ou fazer nada, ler um livro ou ver sua série
favorita. Pode sair mais tarde do trabalho sem preocupar-se com mais nada, pode
sair e fazer o que você quiser.
Você também pode fazer tudo
isso em um relacionamento, morando com outras pessoas, vai precisar organizar
seu tempo.
Muitas pessoas quando solteiras
desejam casar-se, muitas pessoas casadas desejam a vida de solteira... Parece
que nunca estamos satisfeitos, existe sempre uma busca, pelo outro, o outro que
eu não tenho e quando tenho depois de muita luta, já não quero mais...
Estamos buscando fora, satisfazer-se
com coisas, enquanto dentro está uma completa bagunça, insatisfação com a vida
que estamos vivendo.
Guardar coisas das quais não
nos serve mais é acumular tempo e energia. É ter por perto algo que sempre
vamos olhar e dizer: “não quero mais, quero o outro”.
Quantas vezes você olha para si
no espelho e gosta da pessoa que é?
Quantas vezes você reajusta a
sua rota? Muda de planos ou de ideias?
Quantas vezes você troca o que
precisa ser trocado e coloca ponto final para que o novo chegue até você?
Quantas vezes você busca o seu
autoconhecimento? E para de insistir em caminhos
que não te levam a canto nenhum?
São esses mesmos caminhos que
geram frustração, medo e solidão, eles geram isso agora no seu momento presente.
Será que estar com o outro, ou
o amor do outro te dá garantia de ser amada? Ser amada pelo outro quer dizer
que você se ama e se aceita como você é?
“Há
um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas
Que já tem a forma do nosso corpo
E esquecer os nossos caminhos que
nos levam sempre aos mesmos lugares
É o tempo da travessia
E se não ousarmos fazê-la
Teremos ficado para sempre
À margem de nós mesmos”
Tempo de travessia, Fernando Pessoa
Que já tem a forma do nosso corpo
E esquecer os nossos caminhos que
nos levam sempre aos mesmos lugares
É o tempo da travessia
E se não ousarmos fazê-la
Teremos ficado para sempre
À margem de nós mesmos”
Tempo de travessia, Fernando Pessoa
Beijocas
ઇઉ Sissa Geller