Essa é uma história verídica.
Quando eu era pequena eu ficava
“nervosa” e fazia uns gestos com os braços, era como torcer os braços. Fiz
muito isso, nunca entendi o porquê... Ouvi muito é “manha”.
Sempre ficava preocupada com as
coisas, com medo de outras, nunca imaginava que era ansiedade.
Na quase reta final da
faculdade em 2006, quando eu via a mãe de uma modelo que acabava de morrer por
não conseguir comer, eu entendia o que a mãe dizia e a modelo sentia, a mãe
dizia, você tem que comer... Como se fosse fácil!
Mas eu sabia que não era tão
simples assim, eu estava numa batalha de quase trinta dias sem comer direito,
líquidos desciam bem, duas ou três mordidas ou garfadas na comida.
Era mais ou menos assim, a
comida ficava enrolando na boca e quando eu tentava engolir, não descia e dava
uma vontade de vomitar.
E esse episódio acabou com
cinco minutos de conversa depois de uma aula fenomenal com um professor
maravilhoso. Se o que eu estava dizendo para ele era o que ele estava imaginando,
existia alguma situação que eu não estava querendo “engolir” e eu estava
dizendo com o corpo, com essa dificuldade de engolir que não iria aceitar
aquela situação... Tinha, tanto que depois disso voltei para casa e consegui
comer...
Depois se eu ficava preocupada
com alguma situação, problema ou alguém próximo que estava passando por alguma
dificuldade, eu também ficava tão tensa que não conseguia comer.
Também sentia isso que eu não
sabia que era ansiedade quando tinha problemas no namoro, no trabalho ou com
amigos.
Depois de um assalto a mão
armada eu também passei alguns dias sem comer, uns quatro meses em pânico,
tinha medo de gente na rua, qualquer pessoa perto eu já ficava tensa, coração
disparava e as pernas ficavam “bambas”, eu me questionava: “como vou viver com
medo das pessoas?”.
Eu sempre ficava muito ansiosa
diante de situações novas, com mil pensamentos, mas nunca liguei todos esses
“sinais” com a ansiedade.
Daí eu fico pensando, se na
minha vida foi difícil entender tudo isso como ansiedade, logo eu que sou psicóloga
e vivo lendo e estudando sobre o tema. Imagina como deve ser difícil para as
pessoas que não fazem nem ideia do que é ansiedade.
Hoje eu me considero uma
ansiosa controlada, aprendi a respirar, a meditar, a desacelerar, a buscar uma
vida mais zen, fazer uma coisa por vez e o mais importante “cortar” pensamentos
ansiosos e catastróficos. Faço terapia já tem muitos anos...
Mas isso não quer dizer que às
vezes eu me engane. No final de 2016 eu acordei indisposta, sem vontade de
comer, e tudo que eu comia eu tinha vontade de vomitar. Como eu já sabia como
lidar com essa dificuldade alimentar, comecei a tomar suco, água de coco,
danone, tudo que era liquido descia facilmente.
Fiquei assim por quatro dias,
até que fui ao médico e descobri que estava com uma alergia na garganta, por
isso, tudo que tentava engolir dava vontade de vomitar... Era algo físico, não
era ansiedade, pensando bem eu não tinha nenhum dos sintomas clássicos da
ansiedade... Mas só me dei conta disso depois do aval do médico... Parece até
piada, mas não é.
Eu já briguei muito com essa
questão alimentar, muita gente diz que quando está nervoso, come sem parar, eu
sempre fui o contrário, preocupada, nervosa eu não conseguia comer.
Como muitas vezes parece clichê
tudo ser ansiedade ou depressão é como se a gente fosse carimbado e está tudo
ok. Eu sou o diagnóstico e pronto. Me declaro ansiosa e ponto final. Nada mais
pode ser outra coisa qualquer.
Mas é justamente ai que nós nos
enganamos. Principalmente nós mulheres que vivemos brigando com o peso, com os
hormônios, que passamos muitas horas dentro de um escritório sem ver a cara do
sol.
Pode ser um desequilíbrio
hormonal. Pode ser falta de vitamina D, que geralmente leva a uma depressão e outras sensações
no corpo. Pode ser alterações no útero. Pode ser uma garganta inflamada. Pode
ser uma tireoide alterada. Pode ser tantas coisas e não ser ansiedade ou
depressão.
Por isso vou bater na mesma
tecla e repetir o que sempre peço para as pacientes do consultório. Faça exames
regulares. Faça exames de rotina. Vamos descartar algo físico ou não.
Faça atividade física pelo
menos duas vezes na semana. Mesmo que seja uma caminhada de 30 minutos a uma
hora.
Faça suas refeições atenta a
comida, ao sabor, a temperatura, ao cheiro, sem celular, televisão e afins.
Faça uma pausa para relaxar e
ouvir uma música clássica, quem me conhece sabe que amo, e que esse tipo de
música relaxa nosso corpo.
Faça rotina conversas sem
compromissos com amigos, coisas que não falem de trabalho ou problemas, dê
muitas risadas.
Faça o dia do namoro, sim,
mulheres, casadas com filhos, que trabalham fora, muitas vezes deixam o
relacionamento de lado, para dar conta dessa rotina cheia de afazeres e esquece
a si e o parceiro. Curta o parceiro, converse com ele, vá ao cinema, ao parque,
fique ambos sozinhos, sem filhos e preocupações, namorem bastante. Deixe as
crianças com os tios, avós ou com alguém que possa cuidar para vocês namorarem.
Deixar as crianças com familiares é bom para ambos e isso não quer dizer que você é uma péssima mãe!
Faça ioga, medicação, dança,
academia, aula de pintura, crochê ou tricô, artesanato, faça algo que seja por
você.
Faça a unha, o cabelo, massagem
e tudo que você tem direito, afinal de contas você trabalha tanto para quê?
O que é ansiedade segundo o
DSM-5(MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS)
“Transtorno de Ansiedade Generalizada - Critérios
Diagnósticos 300.02 (F41.1)
A. Ansiedade e preocupação excessivas
(expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis
meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou
profissional).
B. O indivíduo considera difícil controlar a
preocupação.
C. A ansiedade e a preocupação estão associadas
com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles
presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses). Nota: Apenas um item é
exigido para crianças.
1. Inquietação ou sensação de estar com os
nervos à flor da pele.
2. Fatigabilidade.
3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de
“branco” na mente.
4. Irritabilidade.
5. Tensão muscular.
6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar
ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto).
D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas
físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no
funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.
E. A perturbação não se deve aos efeitos
fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra
condição médica (p. ex., hipertireoidismo).”
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Gratidão
Beijocas
ઇઉ Sissa Geller